Eu sei, ninguém aguenta mais falar de vampiros. Nos últimos tempos houve uma verdadeira avalanche deles em filmes, livros, séries de TV. Todo mundo querendo aproveitar o rastro do sucesso de Crepúsculo e fazer um pezinho de meia. Aí a gente pensa: já deu, né? Mas eu prometo que, para os vampiros dos quais vou falar hoje, vale a pena dar mais uma chance.
Pra
começar, qual o seu conceito sobre vampiros? Mortos-vivos de pele pálida e
gélida, misteriosos, cheios de sex-appeal e até mesmo um pouco românticos? Ou a
coisa esquisita e purpurinada de Crepúsculo? Para ler a trilogia formada pelos
livros Noturno, A Queda e Noite Eterna, esqueça tudo isso.
Os
vampiros de Guillermo del Toro e Chuck Hogan não têm nada de charmosos nem de
sedutores. São criaturas asquerosas, de pele ressecada e grossa como couro, com
um apêndice no lugar da língua que se projeta a até um metro de distância e
suga o pescoço da vítima. É. Nem presas afiadas nem olhar sensual. E pra eles
você não passa de comida. Ele se apaixonar por você é o mesmo que você se
apaixonar por uma vaca. Além do mais, o vampirismo, nesse caso, é causado por
vermes que provocam uma infecção na corrente sanguínea e deixam a temperatura
do corpo quente, como uma febre eterna, e podem ser vistos se movendo sob a
pele. E se propaga não apenas pela ferroada, mas, se você ferir o vampiro, os
vermes saem escorrendo pelo chão e podem entrar no seu corpo de qualquer jeito.
Nojento. Como se isso não bastasse, os vampiros funcionam como uma colmeia,
obedecendo a um Mestre e se comunicando telepaticamente. A única maneira de
matar tais criaturas é com a luz ultravioleta, seja do sol, seja artificial. Tá
bom ou quer mais?
A trilogia
toda é muito bem construída. Não sobram pontas soltas nem argumentos falhos. O ritmo
é veloz e os personagens, muito bem caracterizados e convincentes, embora um
pouco óbvios (não sei se chamo de óbvios ou de clássicos). Tem o sábio que
conhece tudo sobre vampiros e se assemelha a Van Helsing, do Drácula. Tem o bad
boy cheio de energia que sai dizimando a vampirada. Tem o cientista que usa a
razão. E, claro, tem um casal romântico e complicado, como não poderia deixar
de ser.
O
problema todo começa com um avião que chega a Nova York com todos os
passageiros e a tripulação misteriosamente mortos. E vai ficando pior, bem
pior. Não vou botar spoilers aqui, mas adianto que o negócio fica tão feio que
inclui até um inverno nuclear.
Deu
vontade de ler? Ainda tem um temperinho a mais. Os autores criaram, dentro da
história, o Occido Lumen, um livro que deve entrar para o rol das obras fictícias
que todo mundo gostaria de ler, ao lado do Necronomicon de Lovecraft, da
Enciclopédia Galactica de Asimov e do Livro Vermelho de Tolkien. Só pra deixar
a gente com água na boca.
Cogita-se
que a história vire filme ou algo parecido, mas até agora não há nada
confirmado. Aqui um teaser do primeiro volume, Noturno, no youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=BTuJCqs2fRs